quinta-feira, 5 de abril de 2012

A IMPLOSÃO DA MENTIRA



A IMPLOSÃO DA MENTIRA



Mentiram - me. 
Mentiram - me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo impunemente.
Não mentem tristes, 
alegremente mentem.
Mentem tão nacionalmente
que acho que mentindo história afora,·vão enganar a morte eternamente.
Mentem, mentem e calam,
mas as frases falam e desfilam de tal modo nuas
que mesmo o cego pode ver a verdade 
em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil e para alguns 
é cara e escura, 
mas não se chega à verdade pela mentira
nem à democracia pela ditadura.
Evidentemente crer que uma flor nasceu 
em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo 
permanentemente.
Mentem, mentem caricaturalmente, 
mentem como a careca mente ao pente, 
mentem como a dentadura mente ao dente
mentem como a carroça à besta em frente, 
mentem como a doença ao doente, 
mentem como o espelho transparente
mentem deslavadamente como nenhuma 
lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o rio
mentem com a cara limpa e na mão 
o sangue quente,

mentem ardentemente como doente nos 
seus instantes de febre, 
mentem fabulosamente
como o caçador que quer passar gato por lebre
e nessa pilha de mentiras a caça é que 
caça o caçador
e assim cada qual mente indubitavelmente.
Mentem partidariamente, 
mentem incrivelmente, 
mentem tropicalmente, 
mentem hereditariamente, 
mentem, mentem e de tanto mentir 
tão bravamente
constroem um país de mentiras diariamente.

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