quinta-feira, 2 de julho de 2015

O VELHO E A TIGELA DE MADEIRA (REFLITA)



Era uma vez um velho muito velho, quase cego e surdo, 
com os joelhos tremendo. Quando se sentava à mesa para comer, 
mal conseguia segurar a colher. Derramava a sopa na toalha e, 
quando afinal, acertava a boca, deixava sempre cair um bocado pelos cantos. 
O filho e a nora dele achavam que era uma porcaria e ficavam com nojo. Finalmente, 
acabaram fazendo o velho se sentar num canto atrás do fogão. Levavam comida para 
ele numa tigela de barro e o que era pior nem lhe davam o bastante. 
O velho olhava para a mesa com os olhos compridos, 
muitas vezes cheios de lágrimas.
Um dia, suas mãos tremeram tanto que ele deixou a tigela cair no 
chão e ela se quebrou. A mulher ralhou com ele, que não disse nada, 
só suspirou. Depois ela comprou uma gamela de madeira bem baratinha 
e era ali que ele tinha de comer. Um dia, quando estavam todos sentados 
na cozinha, o neto do velho, que era um menino de quatro anos, 
estava brincando com uns pedaços de pau. O que é que você está fazendo? 
– perguntou o pai. Estou fazendo uma tigelinha de madeira, para papai e 
mamãe poderem comer quando eu crescer – o menino respondeu. O marido e 
a mulher se olharam durante algum tempo e caíram no choro. Depois disso, 
trouxeram o avô de volta para a mesa. Desde então passaram a comer todos juntos e, 
mesmo quando o velho 
derramava alguma coisa, ninguém dizia nada.

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